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Para além do RH: fomentar diversidade e inclusão é papel de todos

RH precisa ser ativo e propositivo, mas respeito e acolhimento devem vir de todos os colaboradores da empresa

Primeiramente, quero agradecer a Carol Dias, Diretora de People & Performance da Kraft Heinz Brasil, por ceder seu espaço nesta coluna para que eu pudesse trazer uma reflexão sobre diversidade e inclusão para além do mês de novembro, quando celebramos a Consciência Negra, e termos um diálogo que precisa ser conversado todos os meses do ano.

Enquanto homem preto que trabalha com comunicação há 18 anos, acredito que fomentar diversidade e inclusão nas empresas não é papel só do RH. Claro, é crucial que o RH conheça profundamente a causa e seja propositivo, mas esse é um compromisso que precisa ser de todos os colaboradores de qualquer empresa – bem como precisa ser de toda a nossa sociedade.

Times aos quais pertencem pessoas negras precisam garantir em seu dia a dia uma inclusão verdadeira por meio da escuta ativa e do respeito absoluto. Infelizmente, eu já vivi experiências em que não tive certeza se as pessoas estavam compreendendo meu posicionamento profissional ou apenas não me questionando por receio ou por não querer dialogar com um homem preto.

Os líderes, especialmente, precisam cuidar de seus colaboradores negros com o mesmo cuidado que dedicam a estagiários e trainees recém-chegados em suas equipes. É preciso conhecer, ouvir e valorizar profissionais negros. Sem um acolhimento verdadeiro, a inclusão promovida pelo RH pode se transformar em exclusão na prática.

Percebo que muitas pessoas acreditam que os profissionais negros devem “resolver” problemas de diversidade e inclusão nas empresas e/ou na sociedade, mas preciso lembrar que não foram as pessoas negras que inventaram o racismo. Pelo contrário, pessoas negras são vítimas do racismo há anos e cotidianamente.

Precisamos falar sobre o papel das pessoas brancas nessa jornada, começando pelo reconhecimento de seus privilégios, para que possam ser de fato agentes da transformação. Não basta ser antirracista, é preciso ter atitudes cotidianas contra o racismo. Pessoas brancas devem sair do campo das ideias e ir para o campo das ações como aliadas da luta antirracista.

Por isso, pessoas brancas dentro e fora do RH precisam compreender o valor da diversidade e da inclusão no ambiente de trabalho. Ter pluralidade nas equipes as torna mais hábeis na resolução de problemas e também e mais lucrativas. Segundo uma pesquisa da McKinsey, empresas com maior pluralidade em suas equipes alcançam resultados até 21% maiores.

Te provoco a refletir: quantas pessoas negras trabalham na sua empresa? Quantas nos times de RH? Quantas pessoas negras estão em cargos de liderança na sua empresa? Quantos colegas de trabalho negros você tem? Há algo que você possa fazer para que pessoas negras se sintam mais acolhidas em seu ambiente de trabalho? E, para além de pensar, o que você está fazendo para mudar ou melhorar essa situação?

Segundo um levantamento do ID_BR (Instituto Identidades do Brasil), serão necessários 167 anos para que haja no Brasil um equilíbrio entre as oportunidades oferecidas no mercado de trabalho para pessoas negras e brancas. Ou seja, apenas em 2190 poderemos dizer que há equidade racial nas empresas – isso se fizermos a nossa parte para melhorar essa situação.

Não podemos aceitar, nem tão pouco esperar esse tempo todo. Estamos em 2023 e é inadmissível que profissionais, sejam de RH ou qualquer outra área, não estejam minimamente se apropriando de conhecimento sobre questões básicas de diversidade. Precisamos considerar como soft skills necessárias a qualquer pessoa, desde o seu processo de admissão.


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