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Dólar recua a R$ 2,324. Tensão permanece alta

Analistas duvidam da capacidade das nações emergentes de atuarem, de forma conjunta, na proteção de suas moedas, que vêm perdendo valor há meses

A forte desvalorização das moedas dos países emergentes — em quatro meses, o real caiu quase 20% — dominou o debate no primeiro dia da reunião de cúpula do G20, grupo que reúne as 20 economias mais ricas do planeta. Há o temor de que, com o fim dos estímulos à atividade nos Estados Unidos, os investidores promovam um efeito manada e vendam, a qualquer preço, as divisas de nações em desenvolvimento, para direcionar os recursos aos EUA. Lá, as taxas de juros já começaram a subir, diante dos sinais dados pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, de que deve suspender a injeção mensal de US$ 85 bilhões na principal economia do mundo.

Ontem, a despeito da preocupação do que pode ser anunciado em 18 de setembro, logo depois da reunião do Fed, o governo brasileiro respirou aliviado. O dólar caiu pelo quarto dia consecutivo, respondendo favoravelmente às intervenções diárias feitas pelo Banco Central e à entrada, ainda que pequena, de recursos estrangeiros no país. No fim do dia, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 2,324 para venda, com baixa de 1,37%. “O movimento de ontem veio na contramão dos últimos dias e do exterior. Houve um forte fluxo vendedor de dólares, liderado por alguns bancos estrangeiros (que estavam de olho nos juros dos títulos públicos)”, afirmou, Caio Sasaki, da XP Investimentos.

 Apesar do bom resultado, os especialistas estão convencidos de que os países emergentes precisam unir forças para enfrentar as mudanças na política monetária norte-americana. Um passo importante foi dado com o anúncio, em São Petersburgo, da criação de um fundo anticrise de US$ 100 bilhões, bancado pelos Brics, grupo que reúne Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul. “Essa notícia favorece um pouco a percepção de menor risco por parte do investidor  estrangeiro”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Segundo pesquisa realizada pela Reuters, com mais de 50 operadores responsáveis pela área de câmbio de instituições financeiras, há, porém, ceticismo quanto à capacidade de união pregada, principalmente, pela Índia, onde a rúpia está apanhando muito. Mesmo com o fundo anunciado ontem, a tendência é de que os países atuem individualmente, cada um tentando salvar a própria pele. O BC brasileiro, por exemplo, optou por não usar reservas internacionais para conter o derretimento do real. Está atuando nos mercados futuros. Desde 22 de agosto, quando anunciou os planos de intervenções diárias até o fim de dezembro, o dólar já caiu quase 5%.

“Vejo que a Índia está sofrendo muito, mas isso afeta outras nações de maneiras muito diferentes, e cada uma delas tem necessidades diversas. Estou muito cético quanto à ação conjunta”, disse Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. 

Socorro adiado

O governo adiou por 15 dias a decisão sobre os pedidos de ajuda feitos pelas companhias aéreas, que reclamam dos custos mais elevados por causa da alta do dólar e dos combustíveis, informou a Secretaria de Aviação Civil (SAC). A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, reuniram-se ontem, mas não chegaram a uma conclusão sobre o tema. Em agosto, as principais empresas do setor apresentaram ao Palácio do Planalto um conjunto de propostas de incentivos, alegando que o dólar a R$ 2,30 reais “acende o sinal vermelho”.


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