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Inflação reduz a busca por crédito

Procura das empresas por recursos nos bancos caiu 4,8% em fevereiro, segundo a Serasa

A inflação — que não consegue ser detida pelas recentes desonerações do governo, e tem ficado cada vez mais perto do teto da meta, de 6,5% ao ano — eleva o pessimismo dos empresários. Eles já se preparam para a subida dos juros, que deve ser promovido pelo Banco Central a partir de abril. Com medo de a economia continuar patinando, as empresas brasileiras estão buscando menos crédito. Em fevereiro, a demanda por financiamentos recuou 4,4% em relação a janeiro, conforme dados divulgados ontem pela Serasa Experian. Na comparação com fevereiro do ano passado, a queda foi de 4,8%. 

No acumulado do primeiro bimestre de 2013, o tombo sobre igual período de 2012 foi de 5,1%. O economista da Serasa Luiz Rabi avaliou que o cenário econômico não chega a ser tão ruim. “O governo já sinalizou aos empresários que vai elevar as taxas de juros. Agora, cabe ao setor privado controlar os reajustes nos preços de vários produtos”, destacou. A retração na demanda já era esperada por Rabi diante da alta de 19,3% verificada em janeiro. Além disso, o carnaval reduziu o número de dias úteis. A pesquisa mostrou ainda que a queda na procura por crédito foi maior nas micro e pequenas empresas, de 4,7% em fevereiro na comparação com janeiro. A demanda das médias encolheu 1% e a das grandes, 0,1%. 

A Show Tecnologia, que fica na Asa Sul, vem diminuindo a busca por crédito, uma vez que os negócios da companhia também estão recuando. O gerente operacional, Walber Rezende, 54 anos, contou que a empresa, que tem 10 empregados, possui contratos de crédito com várias instituições financeiras, como o Banco de Brasília (BRB), o Banco do Brasil, o Bradesco e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Walber disse que está sempre atento aos juros. “Temos que saber quanto comprar e quanto gastar no mês.” Para o gerente, as taxas influenciam o preço final dos produtos. “Posso acabar vendendo por R$ 434 um item que custaria R$ 226”, exemplificou. Segundo ele, a empresa costuma sempre trabalhar com margens baixas. “O próprio mercado não permite trabalhar com valores altos”, contou. 

Juros e inflação

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, destacou que, apesar de o Banco Central (BC) ainda não ter elevado a taxa Selic, atualmente em 7,25% ao ano, os juros já estão subindo e há contratos futuros apostando em 8,5% em dezembro. “As perspectivas inflacionárias estão aumentando e a atividade vem se recuperando lentamente. O grande desafio será ancorar a expectativa de inflação sem que a atividade seja prejudicada”, alertou.

A economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro, avaliou que esta semana começou mal em matéria de indicadores (veja matéria abaixo).  “O cenário está morno, com recuperação lenta, cheio de paradoxos, que não inspiram a confiança dos empresários”, disse. 

A mesma opinião tem o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani. “Os sinais de recuperação da economia deverão aparecer somente a partir do segundo semestre. Mas, a curto prazo, a economia continua patinando”, afirmou.


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