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Conheça as estratégias de pequenas e médias empresas do Vale que estão na lista das que mais crescem no Brasil

Companhias foram listadas em ranking elaborado pela revista Exame e pela consultoria Deloitte

O levantamento “As PMEs que mais crescem no Brasil”, desenvolvido pela revista Exame em parceria com a consultoria Deloitte, classificou as organizações de pequeno e médio porte brasileiras que mais expandiram seus negócios entre 2012 e 2014.

O ranking traz 200 nomes e usa como base a demonstração financeira de empresas com faturamento anual entre R$ 3 milhões e R$ 400 milhões. SC tem 14 representantes na lista, sete deles do Vale. Além das companhias citadas abaixo, também representam a região o Grupo Kyly, de Pomerode, e a 43 SA Gráfica e Editora, de Blumenau. A reportagem não conseguiu fazer entrevista com as duas.

Conheça a seguir as estratégias que diferenciam essas empresas.

Grupo FW: testar a qualidade dos produtos

Entre 2012 e 2014, a receita líquida do Grupo FW subiu 135,95%. A fabricante de artigos de higiene, próprios e terceirizados, credita o resultado a dois fatores principais: a exploração de um nicho onde há baixa concorrência e um forte trabalho da área comercial na abertura de novos pontos de venda.

O carro-chefe são lenços e toalhas umedecidas utilizados para limpeza da pele. Por mês, são produzidos 2,2 milhões de pacotes dos produtos. Todos os itens são testados dermatologicamente, garante o diretor de Marketing Rodrigo Flor. Os compostos químicos e matérias-primas usados na fabricação buscam minimizar o surgimento de alergias e irritações.

— Como 80% da nossa linha é voltada para crianças, não usamos nada agressivo à pele — explica Flor.

Hoje o Grupo FW está presente em 20 mil pontos de venda, entre supermercados e farmácias. A empresa já exporta para alguns países da América do Sul, como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Guiana, e mira os mercados da América do Norte e da Europa a partir do ano que vem. O crescimento planejado vai demandar aumento da produção. A ampliação do parque fabril, que vai dobrar de tamanho – passando de 1,5 mil para 3 mil metros quadrados -, deve ficar pronta em novembro, com investimento de R$ 1,2 milhão. Novas contratações também estão previstas.

Só no primeiro semestre do ano, a empresa cresceu 76% em relação ao mesmo período de 2014. Para manter o ritmo, a empresa aposta em novas ações. A mais recente delas foi o lançamento de uma loja virtual para venda dos produtos da sua linha.

Ficha técnica

Posição no ranking: 33ª

Cidade: Blumenau

Ano de fundação: 2010

Funcionários: 55

O que faz: artigos de higiene e limpeza, como lenços e toalhas umedecidas

Receita líquida em 2014: R$ 14.196.211

Crescimento 2012-2014: 135,95%

Tecnoblu: estimular a equipe de colaboradores

A Tecnoblu nunca faz uma coleção igual a outra. A empresa fabrica etiquetas, tags, lacres, cadarços, cós, botões e metais para 1,2 mil clientes da indústria da moda em todo o país. São acessórios que aparentemente podem passar despercebidos, mas que ajudam a dar um toque personalizado em peças de roupa.

— Só não fazemos o zíper — afirma o diretor Edmur Polli.

O segredo para a exclusividade em cada projeto está na capacidade de customização. A Tecnoblu trabalha com 600 bases de matéria-prima, que podem ser combinadas com 40 tipos de processos industriais. Essa ampla variedade permite a criação de acessórios de moda de tamanhos, cores, formatos e texturas diferentes, num gigantesco universo de possibilidades. A proposta é tão singular que a empresa precisou desenvolver um software próprio para controlar o desenvolvimento dos mais de mil produtos feitos por mês.

Como cada acessório criado precisa ser único, a Tecnoblu investe para estimular a sua equipe. A empresa mantém um designer na Itália e outro na China, que estudam e analisam as últimas tendências do mercado mundial da moda. Já os profissionais locados em Blumenau são instigados a, literalmente, tirarem suas coleções do papel nas máquinas da linha de produção – e o gasto de matéria-prima pouco importa caso o projeto não seja aprovado.

A empresa também oferece bolsas de estudos de 50% aos colaboradores e aposta em um ambiente de trabalho descontraído. As paredes da sede são pintadas com desenhos e cores chamativas e a cafeteria, feita em madeira, tem ares rústicos, contrastando com uma empresa que “respira inovação”, segundo Polli.

De acordo com o executivo, a Tecnoblu aplica 6% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento, receita que em parte se reverte no lançamento de 13 books, em média, por ano. Para 2015, a empresa projeta crescimento entre 15% e 20%. O caminho para chegar lá, informa Polli, passa por investimentos em novas tecnologias.

Ficha técnica

Posição no ranking: 110ª

Cidade: Blumenau

Ano de fundação: 1994

Funcionários: 240

O que faz: acessórios para moda

Receita líquida em 2014: R$ 47.879.226

Crescimento 2012-2014: 47,19%

Datainfo: controlar e organizar processos

Painéis fixados nas paredes dos departamentos da Datainfo medem indicadores de desempenho ou detalham passo a passo como devem ser conduzidos os processos ligados àquela área. Logo ao sair das escadas que dão acesso ao segundo andar, um quadro mostra o organograma da empresa de tecnologia.

— Os funcionários conhecem as metas, têm acesso aos números e sabem o que precisam fazer para crescer na empresa — destaca o diretor Marcelo Ferrari.

Toda essa organização é essencial em uma empresa que se propõe justamente a ajudar outras empresas a se organizarem. A Datainfo atua com outsourcing de TI. Traduzindo: presta serviços que têm como base a terceirização parcial ou total da área de tecnologia da informação das companhias. Na lista estão desenvolvimento e testes de softwares, treinamentos, governança e soluções de infraestrutura relacionadas a bancos de dados, segurança, conectividade e sistemas operacionais, entre outras.

Ferrari explica que a Datainfo trabalha com o conceito “one stop shop”. Ou seja, um cliente pode encontrar na empresa, de acordo com o executivo, tudo o que precisar para o seu negócio quando o assunto é gestão de tecnologia. A proposta de oferecer um grande leque de serviços garante que a empresa tenha poucos concorrentes, diz o diretor. E vira um diferencial de mercado tempos de crise econômica.

— As empresas estão precisando reduzir custos, e a tecnologia, com a reorganização e otimização de processos, se torna uma aliada nesses momentos.

Como o governo está, nos últimos anos, fechando o cerco em relação a obrigações fiscais, cada vez mais micro e pequenas empresas devem aderir à informatização de processos para cumprimento de exigências legais, aposta Ferrari. Isso abriria um grande nicho e perspectivas ainda mais animadoras para a Datainfo no futuro, projeta o executivo.

Ficha técnica

Posição no ranking: 86ª

Cidade: Blumenau

Ano de fundação: 2002

Funcionários: 190

O que faz: outsourcing de tecnologia

Receita líquida em 2014: R$ 12.067.849

Crescimento 2012-2014: 61,58%

Sachê e Sachê: personalizar para agregar

Do cafezinho ao refrigerante, é provável que em algum momento você já tenha usado um produto feito pela Sachê & Sachê. A empresa de Ilhota personaliza sachês de açúcar, adoçante e sal e embalagens de canudos e palitos de dente para empresas, hoteis e estabelecimentos comerciais como padarias, cafeterias, restaurantes, lanchonetes e lojas de conveniência de postos de combustível.

— O nosso cliente é qualquer empresa que tenha uma garrafa de café — diz o diretorMarcelo Cordeiro.

O diferencial da empresa, diz o executivo, é oferecer o serviço em pequena escala. A proposta permite que até mesmo um estabelecimento de pequeno porte possa encomendar, em volume menor, sachês com a sua marca. Ter uma embalagem de açúcar ou sal com o nome do negócio pode parecer um mero detalhe, mas Cordeiro defende que isso ajuda o consumidor a melhorar a percepção e transmite mais credibilidade ao local.

— É um merchandising a mais, um cartão de visitas.

Hoje a Sachê & Sachê atende cerca de 2 mil clientes no Brasil. Como muitos deles são de pequeno porte, a empresa também ajuda no desenvolvimento da arte a ser impressa nos sachês. O trabalho exige maquinário especial e mão de obra especializada. O volume de produção mensal gira em torno de 60 toneladas.

A próxima grande meta é construir, em 2017, uma nova fábrica, com o dobro de tamanho da atual. Será investido R$ 1 milhão, que inclui também aumento de maquinário e implantação de novos processos industriais.

Ficha técnica

Posição no ranking: 129ª

Cidade: Ilhota

Ano de fundação: 2005

Funcionários: 20

O que faz: sachês e embalagens personalizados.

Receita líquida em 2014: R$ 3.544.007

Crescimento 2012-2014: 38,28%

Copa & Cia: aproveitar as tendências do mercado

Um dos reflexos da crise que aperta o orçamento das famílias é visto no segmento de alimentação fora do lar. Dados de junho da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostram que o setor teve queda de 8,39% no primeiro trimestre deste ano. Via de regra, o consumidor está gastando menos com comida na rua e cozinhando mais dentro de casa, abrindo espaço para um processo de gourmetização gastronômica.

— As pessoas estão tendo um cuidado a mais com o alimento. Antes, elas se reuniam para comer em restaurantes. Agora é cada vez mais comum que se façam almoços e jantares na casa de alguém. É uma reunião entre amigos ou família mais prazerosa — avalia Thomas Vollmer, diretor da Copa & Cia.

Surfar nessa tendência é uma das estratégias da empresa para aumentar ainda mais as vendas da linha de louças, como pratos, talheres, xícaras e copos, e acessórios de decoração para cozinha, como toalhas e cortinas.

— Nosso produto não é de alto luxo, mas é premium e acessível. Assim conseguimos atingir uma parcela maior da população — conta Vollmer.

De acordo com o executivo, o grande desafio da Copa & Cia. é fazer com que a marca seja desejada pelo consumidor final ao mesmo tempo em que apresenta peças com design diferenciado e a preços competitivos. Para isso, a empresa investe anualmente cerca de 6% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Os recursos se transformam em pelo menos duas coleções principais de produtos, com três catálogos cada, por ano. As linhas podem ser encontradas em 4 mil pontos de venda no país, entre lojas de presentes e decoração e homecenters.

Ficha técnica

Posição no ranking: 152ª

Cidade: Blumenau

Ano de fundação: 1998

Funcionários: 103

O que faz: peças e artigos de decoração para cozinha

Receita líquida em 2014: R$ 21.440.844

Crescimento 2012-2014: 32,24%


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