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Os desafios para as MPEs atuarem no exterior

Confira a análise de Jaime Dias Júnior e Claudio H. Goldbach

Dados do Sebrae-SC mostram que, até agosto de 2014, SC já havia exportado um volume de mais de 3,9 bilhões de toneladas, um aumento de 5,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. A participação das micro e pequenas empresas do Estado na exportação é a mais expressiva do País. Em 2013, os pequenos negócios foram responsáveis por mais da metade das empresas catarinenses exportadoras.

Os produtos manufaturados das MPEs catarinenses predominam nas vendas ao exterior e corresponderam a cerca de 81% do total exportado pelas microempresas em 2012 e a 79,7% do valor vendido no mesmo ano. Os produtos básicos surgem em seguida, com participações de 12,2% e 14,4% para micro e pequenas empresas, respectivamente.

Apesar dos dados significantes, as micro e pequenas empresas catarinenses têm potencial para aumentar esses números, mas encontram algumas dificuldades. A falta de informação sobre a legislação é uma delas. Muitas vezes, os empresários acabam desistindo do processo por não saberem como proceder diante da lei e como encontrar parceiros no exterior. A falta de produção em escala e, muitas vezes, a falta de registro dos produtos também são barreiras para vender para outros países.

Para incentivar a exportação e aumentar a competitividade das MPEs, o Sebrae-SC tem investido em projetos que auxiliam os empresários nesse processo. Um deles é o Exporta SC, que em 2014 selecionou 50 micro e pequenas empresas do Estado para abrir um negócio nos Estados Unidos.

A intenção do Sebrae-SC é qualificar as pequenas empresas por meio de ações práticas no mercado internacional. Uma experiência que, vivenciada com intensidade, fará com que as empresas aumentem sua competitividade tanto no mercado interno quanto externo. Assim, a proposta é muito mais do que auxiliar na exportação. É internacionalizar as empresas para que elas mudem o seu patamar de competitividade e inovação.

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A maioria dos casos de internacionalização de negócios inicia-se com importação ou exportação. Este passo deixa muitas lições. A primeira é notar o quanto o processo é burocratizado e caro. Despesas com despachantes, transportes, marinha mercante, taxas e impostos mostram que ainda carregamos muito da época anterior à abertura das importações. As exigências são tão grandes que, com alguns fornecedores, é comum pedirmos o documento-fonte a fim de editá-lo de tal forma que atenda aos requerimentos dos órgãos competentes.

O próximo passo é abrir uma empresa no exterior. Alguns países, como os EUA, são acolhedores. Lá, abre-se uma empresa em sete dias. Não existem impostos devidos nas vendas, muito menos ICMS diferenciado por Estado, nem PIS/ Cofins sobre o ICMS e IPI, imposto que penaliza quem tem a ousadia de industrializar algo.

O governo estadunidense pensa com uma mentalidade capitalista: quanto mais se favorecem os negócios, maior a arrecadação. Por isso, quem sobrevive no Brasil não deve ter dificuldade em atender às exigências contábeis de qualquer país que seja.

Quanto aos recursos humanos, vejo uma grande dificuldade para brasileiros: o medo de se falar sobre números. Nosso modelo mental de lucro desejado, porém sigiloso e pecaminoso, nos faz estranhar quando lhe perguntam quanto você faz por ano. Primeiro, porque você não trabalha na Casa da Moeda. Segundo, porque isso não se fala nem para a sua esposa, apesar de todos especularem. Vejo nosso trato ainda muito colonial e pouco profissional. O conceito do patrão está defasado e contar com semiescravos obedientes que trocam seus corpos, mentes e almas por um salário é o mesmo que apostar no Irã como o próximo campeão da Copa. Tem que haver ideal, missão, bônus.

Finalmente, sobre o mercado, minha sugestão é não contar com nossas habituais táticas. Promessas são feitas para serem cumpridas e não apenas para pegarem pedidos. Portanto, entregue seus produtos, custe o que custar. Além disso, barganhar é esporte de terceiro mundo. O preço justo sempre será apreciado e o superfaturado acaba sendo naturalmente banido do mercado.


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