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Dólar volta a superar R$ 2,31 em novo dia sem intervenção

O dólar não só retomou como superou com folga a marca psicológica de R$ 2,30

 O dólar não só retomou como superou com folga a marca psicológica de R$ 2,30. A moeda americana subiu ontem 1,09% em relação ao real, maior alta percentual diária em cerca de três semanas. Com isso, o dólar fechou a R$ 2,311, nível mais elevado em quase uma semana e não muito distante das máximas em mais de quatro anos verificadas recentemente. O movimento no câmbio contribuiu para uma arrancada das taxas dos principais contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI), que encerraram o pregão na BM&F em alta firme.

As compras de dólares ocorreram sobretudo no mercado futuro de câmbio, com investidores estrangeiros recompondo parte das posições "compradas" na moeda americana que haviam sido desfeitas na semana passada. Fluxos de saída de recursos pela conta financeira também ajudaram a puxar as cotações para cima. Segundo operadores de câmbio, contribuiu para o enfraquecimento da moeda brasileira a "ausência" do Banco Central (BC), que não interveio com a venda de contrato de swap cambial tradicional.

Um tesoureiro de um banco avalia que a postura do BC, intervindo com o dólar em queda e não atuando com a alta da moeda, em tese, poderia conter movimentos especulativos, uma vez que desestimularia estratégias com ganho "garantido". Mas, por outro lado, a falta de previsibilidade gera mais incerteza, o que acaba reforçando a demanda pela moeda devido a necessidade de proteção por parte de agentes de mercado. "E essa incerteza deve aumentar no decorrer da semana, porque, sem uma lógica mais clara na intervenção, o mercado não sabe como se posicionar: se aguarda a rolagem dos swaps que vencem em setembro ou se ele se prepara para ofertas líquidas", diz esse profissional.

Em 2 de setembro, vencerá um lote de US$ 5,040 bilhões de swaps cambiais tradicionais. De maneira geral, dada a pressão sobre o câmbio, a expectativa é que o BC role os papéis. Caso a autoridade monetária mantenha a estratégia adotada em julho, o BC deve fazer a rolagem em leilões separados, buscando maximizar a eficácia e garantir a colocação integral dos papéis.

O real não sofreu sozinho. A valorização da moeda americana aqui se deu em linha com um movimento global de fortalecimento do dólar, amparado por uma expressiva alta dos retornos ("yields") dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. A taxa do papel de dez anos atingiu 2,730%, não muito longe dos maiores níveis em dois anos. Ontem, saíram dados mostrando que as vendas no varejo americano - excluindo automóveis, gasolina e materiais de construção - cresceram em julho no ritmo mais rápido em sete meses.

Sinais de que a economia americana se recupera intensificam as apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) começará a reduzir o programa de compras mensais de US$ 85 bilhões em bônus no próximo mês. À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, disse que os recentes dados ainda não mostram um quadro mais claro da economia, mas não descartou redução dos estímulos em setembro.

O movimento conjugado de alta do dólar e das taxas dos títulos do Tesouro americano serviu de pano de fundo para elevação dos juros futuros. Teme-se que a depreciação do real pressione a inflação ao longo dos próximos meses, o que faz com que os investidores peçam mais prêmios para aplicações prefixadas. O contrato para janeiro de 2014 fechou a 8,95% (ante 8,90% anteontem). O DI para janeiro de 2015 subiu para 9,88% (ante 9,72% anteontem).


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