O dólar fechou ontem em queda ante o real pelo quarto dia seguido, com o mercado antecipando o efeito das medidas anunciadas nos últimos dias para estimular a entrada de divisas no país, numa aparente preocupação do governo com a recente desvalorização do real.
A moeda norte-americana cedeu 0,86%, terminando o dia cotada a R$ 2,079 na venda. “A simples perspectiva de entrada de recursos já derrubou o dólar. O mercado já está se posicionando antes desses ingressos”, afirmou o diretor executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
A série de intervenções e medidas adotadas nesta semana trouxe o dólar para abaixo de R$ 2,10, depois que a divisa raspou em R$ 2,14 na sexta-feira passada, quando os números fracos de crescimento da economia alimentaram interpretações no mercado de que o governo favorecia a valorização da moeda para incentivar as exportações do país.
Na terça-feira, começaram as medidas para destravar a entrada de dólares no país. O Banco Central facilitou o financiamento ao exportador, aumentando para até cinco anos o prazo das operações de antecipação de receitas que ficam isentas do pagamento de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na quarta-feira, o governo reduziu de dois anos para 360 dias o prazo de empréstimos externos que são isentos daquela alíquota.
Dívidas
Sidnei Nehme interpreta que as medidas visam segurar o dólar abaixo de R$ 2,10 devido a preocupações com a inflação, mas destacou também uma precaução do governo em relação ao nível de endividamento das empresas brasileiras. “O BC deixou a divisa subir para R$ 2,10, que já é uma nova faixa, só que ele não pode permitir um movimento ser muito brusco porque isso pressiona a inflação e prejudica empresas com passivos expostos em moeda estrangeira”, disse.
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