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Internet de 1 GB. Quando chega?

Falta de cabeamento de fibra óptica e de serviços que justifiquem internet tão rápida são os principais obstáculos no Brasil

Com uma conexão de internet de 1 GB, um filme em HD pode ser baixado em 3m36seg. Numa conexão de 2 Mbps, pouco abaixo da velocidade média da internet banda larga no Brasil, que é de 2,2 Mbps, o mesmo filme leva 30 horas para ser baixado. A internet ultrarápida está prestes a se tornar realidade em Kansas City, nos Estados Unidos, onde o Google iniciou seu serviço de internet de fibra óptica, chamado Fiber. Em breve, o projeto deve se estender para outras cidades americanas. De acordo com especialistas, porém, velocidade desse nível ainda deve demorar a chegar no Brasil.

Há pelo menos dois grandes entraves para a instalação de uma rede de internet de 1 GB para a população em geral: 1) toda a cidade precisa estar coberta por cabos de fibra óptica; e 2) é preciso haver demanda para esse tipo de velocidade, ou seja, serviços atraentes o suficiente para convencer os usuários a migrarem para planos de 1 GB.

No Brasil, poucas empresas possuem cabeamento de fibra óptica espalhados por uma cidade inteira. Hoje, essas redes se deslocam apenas até os chamados armários de distribuição. Em geral, são três ou quatro armários para cada bairro, dependendo do tamanho da região. Do armário até a residência do cliente, a internet é levada por cabos de metal ou fio de cobre, bem mais limitados para a transferência de dados. É nesse trecho que a qualidade da internet está mais suscetível a problemas, como as interferências eletromagnéticas.

“Quanto mais distante do armário estiver o cliente, pior será o sinal que ele vai receber. Em geral, mais de 2 km de distância já é uma fria. A outra questão é que a internet ADSL (a internet via cabos metálicos) não suporta mais de 100 Mbps. Elas passam 35 Mbps, no máximo”, afirma Antonio Carlos Wulf Pereira de Melo, superintendente de telecomunicações da Copel.

Para vender internet de 100 Mbps, a maior velocidade oferecida pelas operadoras para clientes pessoa física, as empresas hoje precisam levar um cabo de fibra óptica do armário até a residência do consumidor. Por isso não é raro que muitas regiões estejam “fora da área de cobertura” da internet de 100 Mbps. Na verdade, para as empresas simplesmente não vale a pena esticar um cabo de fibra caso o cliente esteja muito distante.

Esse pode ser, aliás, o grande diferencial de viver no Paraná nos próximos anos. A Copel já possui uma rede de fibra óptica espalhada por todos os municípios do estado. É o único estado do país com esse tipo de infraestrutura. Com a entrada da empresa no mercado de banda larga, e dependendo da demanda do consumidor, a estatal pode chacoalhar o mercado local. A internet de fibra óptica da Copel está funcionando em alguns bairros de Curitiba e atenderá toda a cidade, mais Ponta Grossa e Irati, até o fim do ano. Os planos vão de R$ 89,90 a R$ 349,90 ao mês, com velocidades de 20 Mbps (megabits por segundo) a 100 Mbps. A velocidade de 1 GB já existe aqui, diz Pereira de Melo, mas hoje só é comercializada para grandes empresas.

Uma das razões de o Google ter escolhido Kansas City para iniciar sua operação do Fiber, entre as centenas de municípios que se inscreveram para receber o serviço, foi a presença de uma antiga rede de água, hoje abandonada, de propriedade da prefeitura. Os cabos de fibra óptica passarão por essa rede, reduzindo muito o custo da instalação do sistema.

Serviços

Outro entrave para a chegada da internet de 1 GB é falta de serviços que poderão ser utilizados com ela. Para muitos analistas, essa é a grande sacada do Google e o seu projeto Fiber. Em Kansas City, a internet é oferecida por US$ 70 mensais. Por mais US$ 50, o usuário também contrata o Fiber TV, serviço de televisão a cabo, um aparelho de DVR (para gravação) e um tablet Nexus 7. A sacada está em acabar com a necessidade do usuário em contratar um serviço de operadora de TV. Além disso, traz uma experiência completamente nova para o usuário. Com o DVR, ele pode gravar até 500 horas de programação, de oito canais diferentes ao mesmo tempo. Até esse alguma operadora no Brasil oferecer algo assim, pode demorar.

Relatório

Velocidade média da internet no Brasil é de 2,2 Mbps

A velocidade média de banda larga no Brasil é de 2,2 Mbps, abaixo da média mundial, de 2,6 Mbps, de acordo com o último relatório da Akamais, consultoria que realiza medições desse tipo a cada trimestre. Os últimos números são referentes ao primeiro trimestre deste ano. A velocidade média da internet no Brasil, porém, está crescendo a um nível mais acelerado do que a média mundial. Aqui, a alta foi de quase 30% em comparação com o mesmo período do ano anterior, contra 25% do resto do mundo.

A mais rápida

O país com a internet mais rápida continua sendo a Coreia do Sul, com média de 15,7 Mbps, seguida de Japão (10,9 Mbps) e Hong Kong (9,3 Mbps). Depois aparecem países europeus, como Holanda, Suíça e Irlanda. A Letônia aparece em um surpreendente quinto lugar, com média de 8,8 Mbps, alta de 38% na mesma comparação.

10 Mbps

A consultoria afirma que cresceu 19% o número de países em que usuários acessam a internet a velocidades iguais ou superiores a 10 Mbps. Na Coreia do Sul, 53% da população possui banda larga acima desse nível. No Brasil, apenas 6,44% dos usuários tem conexão de 10 Mbps ou mais rápida. No Chile, esse número passa dos 10%. (BB)

US$ 120

é o valor que o usuário de Kansas City vai pagar, por mês, para receber internet de 1 GB mais televisão a cabo. Ainda estão inclusos no pacote um tablet Nexus 7, que possui um aplicativo que pode ser usado como controle da televisão, e um aparelho de DVR, para gravar a programação da TV. Além desse valor, é preciso pagar uma única taxa de US$ 300 para a instalação do serviço. Em Curitiba, a internet mais veloz disponível hoje no mercado para clientes pessoa física é de 100 Mbps. Pela Copel, ela sai por R$ 349. Na GVT, R$ 499.a


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