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Descolado dos pares, real perde valor

Em pauta, a preocupação com novas atuações do governo caso o dólar perca tal linha de preço.

O piso informal de R$ 1,80 continuou respeitado, apesar de estímulo externo à venda de moeda americana. De fato, considerando uma cesta com divisas emergentes e desenvolvidas, o real foi a única a perder valor para o dólar na segunda-feira.

Em pauta, a preocupação com novas atuações do governo caso o dólar perca tal linha de preço.

Para o diretor da Pioneer Corretora, João Medeiros, a percepção é de que o dólar firmou piso em R$ 1,80, pois toda a vez que a cotação escorregou abaixo disso, o Banco Central (BC) entrou tomando moeda no mercado à vista. E quando isso não foi suficiente, a Fazenda anunciou medida cambial.

Com essa "espada" sobre a cabeça do vendido e sem estímulo forte à compra de moeda americana, o mercado perde volume de negócios e volatilidade.

Ontem mesmo, o giro estimado para o interbancário ficou ao redor de US$ 1 bilhão, cerca de metade da média diária. No mercado à vista, o dólar encerrou o dia com valorização de 0,44%, a R$ 1,811 na venda, maior cotação desde o começo de janeiro.

No mercado futuro, o contrato de dólar com vencimento em abril acentuou alta após o encerramento dos negócios à vista. O contrato mostrava valorização de 1,02%, a R$ 1,8275, antes do ajuste. Com isso, já está criado um hiato entre preço à vista e futuro que terá de ser fechado hoje.

A puxada nos preços futuros foi estimulada pelo aceno do Tesouro Nacional de que o governo está negociando pagamentos antecipados da dívida externa brasileira. A ação seria mais um reforço na "guerra cambial".

Esse tipo de estratégia já foi utilizada por outros países, mas conforme disse um operador, no caso brasileiro, o pagamento antecipado pode não ser tão fácil em função do elevado juro pago pelo governo brasileiro (bom pagador e de baixo risco). Seria um daqueles casos em que "só falta combinar com os russos".

No mercado de juros futuros, o pregão teve dois momentos distintos: um começo morno e de baixa oscilação, mas à tarde, os compradores apareceram com força e os vencimentos, principalmente os de prazo mais longos apontaram para cima.

A percepção é de que o mercado ainda não entendeu a nova estratégia do BC para o futuro.

"O BC quer construir um novo consenso para as taxas longas, mas isso ainda não aconteceu", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Ele diz estar convencido de que a atividade econômica vai se desacelerar neste ano - prevê um crescimento de apenas 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) - e que, também por isso, a inflação vai se manter sob controle.

Na agenda da semana, foco na audiência pública do presidente do BC, Alexandre Tombini, na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), na Câmara dos Deputados, prevista para a quinta-feira. No mesmo dia, serão divulgados o IPCA-15 de março e o desemprego de fevereiro.


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