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Vendas do varejo batem recorde

Novembro foi o melhor mês do ano para a atividade e superou julho de 2008 em 19,3%

Novembro foi o mês de mais movimento para o varejo em 2009. A atividade do comércio registrou alta de 15,8% comparada com igual mês do ano passado, maior taxa de crescimento desde julho de 2008 — quando o índice havia chegado a 19,3% frente a julho de 2007. A melhora da maioria dos indicadores econômicos no decorrer do ano, somada às medidas de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além da chegada do 13º salário aparecem como os principais responsáveis pelas vendas expressivas do mês. Os dados são do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio. 

Os segmentos de veículos, de móveis e de eletrodomésticos foram os que registraram as maiores variações na comparação entre novembro de 2009 e igual mês do ano passado. O primeiro setor obteve 32,1% e o segundo 25,8%. “Móveis e veículos estão bem estimulados. Estamos em um bom momento para o varejo”, destacou o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. Na avaliação dele, os números mostram que a crise afetou pouco o comércio. “Se olharmos o varejo como um todo, ele passou bem pela crise, de um modo não tão grave como foi para a indústria”, disse. 

Os únicos setores que registraram desempenho negativo foram os de combustíveis — que refletiram o efeito da alta de preços em 2009 — e o de material de construção, que a despeito de ter registrado uma melhora ainda continua com as vendas retraídas em relação a 2008. Com a projeção de um Natal com juros menores e prazos mais longos para pagamentos, a expectativa é de que a inadimplência aumente em 2010. “Com tantas facilidades e a economia aquecida, o consumidor fica mais otimista e disposto a gastar”, alertou Almeida.

 

 

O número

Conforto

Brasileiros compraram 25,8% mais móveis e eletrodomésticos em novembro do que no mesmo mês de 2008, período da crise internacional

Alívio no setor de construção

 

A crise começa a dar um fôlego para o comércio de materiais de construção, que acumula no ano um recuo de 14,7% nas vendas. Após sete meses seguidos de quedas, o segmento registrou a primeira variação positiva em novembro, 2,2% frente a outubro. Para especialistas, o número é um indicador de que os materiais iniciam uma trajetória de recuperação, a exemplo do segmento de construção pesada, que em algumas cidades passou a demandar mais máquinas do que os mercados locais podem oferecer. Uma das apostas do setor para atingir uma retomada plena está na classe C, nos empreendimentos populares. 

Segundo Vasco Pigato, dono da LoqMaq, os empresários da construção estão de olho em regiões distantes dos grandes centros, onde a renda da população é menor. “Existem muitas obras populares em Águas Lindas e em Valparaíso (cidades de Goiás localizadas na divisa com o Distrito Federal). Tem muita construção nesses lugares. Muitos empresários migraram para esse mercado, principalmente com o Minha Casa, Minha Vida”, afirmou Pigato. Além do segmento de locação de equipamentos, o empresário atua também no varejo de materiais de construção e recolhimento de entulho. 

Para Pigato, a retomada começou entre outubro e novembro. A explicação para a melhora ter iniciado nos últimos meses do ano, de acordo com o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, está no 13º salário. “Com a chegada da primeira parcela, dá uma aliviada no bolso do consumidor”, afirmou. “O que é bem característico desse setor. As pessoas deixam para construir no fim do ano, porque têm mais dinheiro sobrando. Ninguém compra por impulso”, explicou Almeida. 

PIB 

Para alguns especialistas, as construções particulares de casas e prédios seguem a trajetória de recuperação do segmento de obras pesadas, iniciada há cerca de dois meses. De acordo com o presidente do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria, José de Freitas Mascarenhas, seria necessário investir, no mínimo, 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para impulsionar mais a economia e deixar o Brasil no mesmo nível de infraestrutura de países desenvolvidos. “Hoje, é investido cerca de 2,5% do PIB, isso não é suficiente”, disse Mascarenhas. 

Apesar das queixas do conselheiro da CNI, o setor de construção cresce expressivamente no Brasil. De acordo com o economista da Sobratema, Rubens Sawaya, o crescimento atual é inédito nos últimos 20 anos. Ele justifica sua tese baseado no volume de máquinas de construção vendidas no país em comparação com outras nações (veja no quadro). O pesquisador e economista da Sobratema Brian Nicholson faz coro. Segundo Nicholson, enquanto parte do mundo paralisou as obras de infraestrutura e residenciais, o Brasil continuou a tocá-las. “A construção residencial, entre 2007 e 2009, caiu 96% na Irlanda e 75% na Espanha. Uma estimativa europeia fala que na Espanha existem entre 600 mil e 1,5 milhão de casas novas, vazias. É um mercado que dificilmente irá se recuperar”, avaliou Nicholson. (VM)

Palavra de especialista

Oportunidade de crescimento

“O mercado de máquinas no Brasil vem crescendo de uma forma que não se via há mais de 20 anos. Isso por conta da retomada do crescimento econômico. Principalmente pelas obras de infraestrutura. Isso puxou o setor de máquinas como puxou também o crescimento econômico. O grande boom do setor de equipamentos coincide com o crescimento do de construção, que começou em 2003. Daí, veio em um crescimento acelerado até 2008, uma coisa nunca vista. 

A perspectiva para 2010, por conta do caminho que a economia brasileira foi colocada e por conta de novos elementos que devem acelerar os investimentos em infraestrutura, como o pré-sal, as Olimpíadas, a Copa do Mundo e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é de que a demanda por máquinas continue a crescer. O Brasil precisa de muita obra de infraestrutura e esses fatores devem acelerar a demanda por máquinas.”

 

 

 


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