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Se depender da inflação, juros caem.

Índices sobem em ritmo menor neste ano em função da crise. A cesta básica de alimentos estava mais em conta em abril deste ano do que em igual mês de 2008

 

Patrícia Büll

Afastar grandes investidores da poupança e controlar a inflação eram dois dos principais argumentos usados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para impedir quedas maiores na taxa básica de juro, a Selic, atualmente em 10,25% ao ano. Na semana passada, com a proposta de cobrar imposto de renda de quem tiver mais de R$ 50 mil na poupança, nada impede que o Copom seja mais ousado, pois o dragão da inflação também está sob controle – ao menos neste ano.

No mês passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o indicador oficial da inflação – fechou com alta de 0,48%, abaixo dos 0,55% de igual mês de 2008. Também ficou abaixo do resultado do ano passado o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que teve variação de 0,31% ante o 0,54% de abril de 2008.

Essas reduções tiveram efeito imediato no consumo e o paulistano gastou menos para comprar alimentos. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para adquirir uma cesta com 13 produtos básicos (confira na arte ao lado), ele gastou R$ 225,63 em abril, enquanto no ano passado, precisou de R$ 227,81.

"Não há nada no horizonte demonstrando que a inflação vá sair da meta em 2009. Houve uma ligeira pressão no mês passado, por causa do aumento do preço do cigarro, que teve o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) ampliado. Mas esse impacto será diluído, em vista do bom comportamento dos preços de alimentos e habitação", afirma Antonio Evaldo Comune, coordenador do IPC da Fipe. Ele lembra que, em 2008, os preços foram pressionados pela crescente demanda internacional, risco eliminado neste ano por causa da crise financeira mundial.

O economista da corretora WinTrade, José Góes, diz que ao contrário do que ocorreu em 2008, quando a demanda por commodities pressionava os custos no atacado, neste ano a a queda dos preços é bem acentuada. De janeiro a abril, eles tiveram deflação, como mostra o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). O indicador encerrou abril com queda de 0,15%, e, no acumulado do ano, teve retração de 1,07%. "O comportamento do IGP-M e a própria queda da demanda devem garantir uma inflação dentro da meta, com chances, inclusive, de ficar abaixo do centro, fixada em 4,5% para 2009 pelo Conselho Monetário Nacional", afirma Góes.

Sinais de alerta – Um movimento brusco de aumento na demanda poderia mudar esse cenário de calmaria. Mas na opinião do professor de finanças da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), Marcos Crivelaro, as chances de isso ocorrer são muito pequenas.

"Ainda que haja uma retomada da atividade econômica, ela será em um ritmo bastante lento. Não haverá saltos que tornem a demanda maior do que a oferta. Além disso, as empresas estão trabalhando com menos de 60% de sua capacidade instalada, o que dá espaço para ampliação da produção quando e se for necessário", diz Crivelaro.

Para Fabio Roldão, economista da LCA, a inflação só não ficará abaixo do centro da meta porque os reajustes dos preços administrados farão pressão sobre os índices. "Embora estejamos em um cenário de deflação do IGP-M, os preços administrados serão reajustados com base na variação do ano passado, quando o indicador ficou em 9,8%", diz.

 


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