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O empresário e a distância da família

Na “disputa” por atenção entre o trabalho e o lar, o executivo se atola em um poço de ansiedade e acaba por anular sua própria vida pessoal

Motivo de muitos desentendimentos entre casais, o pouco tempo dedicado à família sempre fez parte da vida de executivos e empresários. Porém, o que nem todos sabem, é que a raiz deste problema está quase sempre ligada ao próprio homem ou mulher de negócios, e não às complicações impostas pela empresa - argumento certamente já utilizado em muitas discussões familiares.

Especialmente nos três ou cinco primeiros anos, a organização realmente exige muita dedicação de seus proprietários. É como uma criança, sempre esfomeada e birrenta, que exige entre 12 e 17 horas diárias da atenção de seus pais. O negócio não se importa com a saúde ou vida social dos que o conduzem, só quer saber de ter seus problemas resolvidos e, consequentemente, de continuar a crescer.

Por não saber que é o responsável pelo surgimento dessa “disputa” por sua atenção, entre trabalho e lar, o executivo se atola em um poço de ansiedade e acaba por anular sua própria vida pessoal, vivendo em estresse e com a certeza de que 24 horas não suficiente para resolver tudo que é demandado pela empresa . É bom deixar claro, porém, que tudo isso ocorre no campo do inconsciente, sem que a pessoa se dê conta e tenha, de fato, a intenção de se afastar de seus entes queridos.

Esse comportamento pode ser entendido com base em um conceito da Psicanálise: o narcisismo. Ser narcisista não é apenas gostar muito de si ou admirar demais sua própria aparência. Aqui, ser narcisista é um traço de personalidade construído na infância e, mais tarde, utilizado para se defender de situações cotidianas, como a pressão por trabalhar mais (vinda da empresa) ou por trabalhar menos (vinda da família).

No caso de muitos homens e mulheres de negócios, a dedicação demasiada ao trabalho existe, justamente, para que haja um distanciamento da própria vida pessoal. Este afastamento ocorre inconscientemente pelo fato de não se sentirem valorizados o suficiente pelas pessoas que estão nesse ambiente, fato que ocorre no trabalho, onde esses profissionais são reconhecidos e indispensáveis. O problema pode ser muito maior que uma simples falta de tempo para os filhos, e a busca por compreender o que se passa na mente se faz fundamental, tanto para o crescimento da empresa quanto para a prosperidade no lar.

Luiz Fernando Garcia – Especialista em psicodinâmica aplicada aos negócios e responsável pelo desenvolvimento de mais de 50 metodologias de treinamento destinadas à capacitação de empresários e profissionais de liderança. Foi coordenador do projeto de Educação Empreendedora no ensino médio, do MEC, e um dos quatro consultores certificados pela ONU para coordenar os seminários do Empretec/Sebrae. Autor de livros como o Inconsciente na Sua Vida Profissional e Empresários no Divã, lançado neste mês pela Editora Gente. Para mais informações, acesse www.rendercapacitacao.com.br.


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