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País produz Blu-ray e preço começa a cair

Fabricantes de aparelhos e de discos lançam produtos nacionalizados para massificar tecnologia que substitui o DVD

JULIO WIZIACK

Lançado há três anos e conquistando adeptos vagarosamente em outros países, o Blu-ray -tecnologia que substitui a do DVD- está ganhando a confiança da indústria nacional. Estima-se que, no mundo, tenham sido vendidos apenas 11 milhões de aparelhos até o momento. No Brasil, esse número não chega a 50 mil, mas deve dobrar já no próximo ano. Isso porque a coreana Samsung e a japonesa Sony já produzem os aparelhos no país.

Agora, foi a vez dos fabricantes de discos. A Microservice colocou nas lojas os primeiros Blu-ray "genuinamente brasileiros". Até o momento, os 117 títulos disponíveis para venda no país eram importados. Os concorrentes Videolar e Sonopress anunciaram que entrarão nesse negócio em 2010.

Resultado: queda de preços. Os aparelhos (tocadores) já caíram pela metade em relação ao ano anterior e deverão ter preços reduzidos em mais 30% no próximo ano, segundo a Samsung, cujo equipamento custa cerca de R$ 1.200.

Nas lojas, já existem ofertas dos aparelhos da Sony por R$ 600. O preço ainda é alto se comparado com o dos aparelhos de DVD, mas a previsão é que eles se equiparem em, no máximo, dois anos.

Ao contrário dos fabricantes de aparelhos, a estreia da Microservice na produção dos discos não veio com queda tão acentuada de preço. Os títulos importados, que podem ser adquiridos no país entre R$ 100 e R$ 150, custarão R$ 70 na sua versão brasileira.

"Esse preço cairá com a escala", diz Isaac Hemsi, presidente da empresa. "Nossa expectativa é fechar 2010 com 1 milhão de discos vendidos e que o Blu-ray represente 5% de nosso faturamento em 2011."

No vácuo da TV digital

No Brasil, esse mercado surge atrelado ao crescimento das vendas de TV em alta definição (HDTV). "Para assistir a um Blu-ray é preciso uma TV específica para essa tecnologia", diz Hemsi. "Se o televisor tiver baixa resolução [SDTV], a diferença de imagem e som do Blu-ray para o DVD não será percebida em sua plenitude."

Como os televisores em alta definição tiveram seu preço reduzido de cerca de R$ 9.000 para R$ 3.000 em dois anos, a Microservice decidiu antecipar a produção de discos em Blu-ray para preencher a lacuna de conteúdos disponíveis para essa tecnologia. "As emissoras ainda demoram em lançar programas com sinal digital." Para Hemsi, essa lacuna também existe em outros países. Na Europa, metade dos domicílios tem TVs de alta definição e apenas 5% recebem programação digital das emissoras. Nos EUA, essa diferença é menor.

São 65% dos domicílios e 50% recebendo canais digitais. Outra aposta da Microservice é que, com a produção de Blu-ray nacional, as videolocadoras ganhem fôlego. Hoje elas estão perdendo a disputa contra os piratas e as novas mídias que permitem baixar filmes inteiros pela internet. Segundo a UBV (União Brasileira de Vídeo), foram vendidos 150 mil discos até setembro. A média mensal já passou de 20 mil unidades. Os aluguéis já atingiram a marca de 2.500 unidades por mês desde julho, muito acima da esperada pelas grandes locadoras.

Há dois motivos que impulsionam esse negócio. Um deles é o preço elevado do disco de Blu-ray. Outro é a falta de conteúdos digitais, tanto na televisão aberta quanto na fechada. Outro aspecto relevante é a dificuldade em se piratear um disco em Blu-ray. A tecnologia de gravação, em duas camadas, permite a inserção de muitos dados protegidos por códigos de segurança mais sofisticados.

Não por acaso, a capacidade de armazenamento de dados de apenas um disco Blu-ray equivale à de nove DVDs. Por isso, a qualidade da imagem e do som é superior. Em um disco de 50 gigabytes é possível gravar até nove horas de programação contra 3,5 horas de um DVD.


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