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Montanha Russa e o exercício da persistência...

Hoje me dei conta que estou viajando numa montanha russa há muito tempo. E não vejo graça nenhuma nesse tipo de diversão.

Fonte: O Autor

A escalada é suave, nem percebemos. Vamos acumulando responsabilidades, a diversidade e as exigências de todos os lados vão chegando e sem que apercebamos vamos adquirindo a energia potencial. Quando atingimos o ápice de nossa capacidade de realizar, o nosso poder se transforma na cinética de prazos, de tempos, de sensação de impotência, movidos pela força gravitacional (a gravidade de sermos meros humanos perdidos num universo de crepúsculos que se sucedem sem auroras).

E a descida é cruel. Muito cruel. Quem vive assim sabe como é! Estamos numa velocidade imensa e de repente uma guinada de 90 graus, nossas cobranças internas e externas projetam nossos órgãos internos contra os músculos e esqueletos que estalam estiram aceleram uivam reclamam e nada podemos fazer, senão nos agarrarmos nas noites e tentar suportar as demandas que nos atingem. Mal passa o desconforto no estomago, um looping nos faz mergulhar nas profundezas da alma e nos agarrar na fé de que passaremos incólumes pela roda do destino. Destino? Estamos de novo no topo, mas não é da glória é do desatino do que essa nova energia potencial possa fazer conosco.

Perdemos a noção de tempo, de espaço, falta-nos o ar e a vergonha dos cabelos ao vento. Rompemos com nossa vaidade e com nossos princípios. O mundo lá fora deixa de existir, nossas mãos não alcançam mais os amigos e os amores, a sobrevivência predomina. Que dia é hoje quando foi já passou esquecemos não! não esquecemos mas que dia é hoje? Foi ontem? Perdemos o prazo perdemos o abraço perdemos o beijo perdemos o desejo perdemos o bolo perdemos a festa perdemos o eu.

As nossas partes rompidas e desconexas ainda têm que enfrentar o desfiladeiro de cobranças que não se exauriram.

Procuramos explicações para tudo isso, recorremos a consultores, psicólogos, curandeiros, bruxos e nada! Fazemos uma lista de pendências, enquanto eliminamos uma aparecem duas.

Onde erramos?

Em ser empresário num pais maravilhoso chamado Brasil. Onde não sabemos o que nos aguarda na próxima esquina, um mosquito que vai nos picar ou um marginal que vai nos assaltar. Nossas noites são de incertezas, sem saber se na manhã seguinte uma lei ou suas dezenas de filhas (decreto legislativo, resolução, decretos, portaria, instrução normativa, anarquia, trapalhada, transtorno pandemônio obscuridade bagunça babel confusão barafunda balbúrdia perturbação desordem humf) vem nos assaltar e levar o pouco ou nenhum lucro que a duras penas, planejamentos e cortes de custos de todos os lados tentamos poupar para manter vivo nosso empreendimento...

Ou seja, com mais uma obrigação principal ou secundária (as dezenas de declarações que somos forçados a fazer) burocraticamente, com extrema complexidade, prazos curtos e multas exorbitantes. Vejam os exemplos das desonerações que são onerações e depois onerações das desonerações, os casos recentes das GEFIPs, as retenções na fonte, as prefeituras perseguindo os prestadores de outros municípios e as sociedades uniprofissionais e com a cara de pau de dizer que pode parcelar com anistia de multas. Isso tudo e mais um ambiente hostil, propiciado pelas políticas desastrosas em todos os setores, juros exorbitantes, uma população empobrecida, adoentada e cada vez mais longe de uma vida digna.

Muitas vezes sem o encanto, mas nas palavras de Rudyard Kipling, a nossa capacidade

“De forçar coração, nervos, músculos, tudo/ A dar seja o que for que neles ainda existe, /E a persistir assim quando, exaustos, contudo /Resta a vontade em ti que ainda ordena: Persiste!";

Seguimos em frente, o carrossel da montanha não pode parar!


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