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Com isolamento, IPCA de março é o menor desde o Plano Real

Forte queda do consumo levou inflação oficial a fechar o mês em apenas 0,7%, que deve continuar a desacelerar nos próximos meses, sinalizam os economistas da ACSP

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já mostra os efeitos do distanciamento social,

implementado na segunda quinzena do mês. A forte queda no consumo devido à crise do coronavírus continuará a desacelerar o índice nos próximos meses, que pode ficar próximo ao limite inferior da meta anual (2,5%).

A análise, dos economistas do Instituto Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), avalia o resultado do indicador, que apresentou alta de apenas 0,7%, conforme divulgado nesta sexta (10/4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A inflação oficial desacelerou fortemente em relação a fevereiro, e ficando abaixo das expectativas,configurando a menor taxa de inflação desde o Plano Real. Já o IPCA anual (12 meses) também mostrou forte desaceleração, alcançando 3,3% - bem baixo da meta anual perseguida pelo Banco Central (4,0%).

O principal responsável pelo resultado mensal foi o item alimentação e bebidas, cujos preços sofreram fortes elevações a partir do início do isolamento provocado pela pandemia. As elevações foram parcialmente compensadas pela variação negativa dos preços dos artigos de residência, das passagens aéreas e dos combustíveis. A fraqueza da atividade econômica também contribuiu para a descompressão do IPCA.

Na contramão, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou, no mesmo mês, intensa aceleração, tanto em termos mensais, como anuais (acumulado em 12 meses), passando, neste último caso de 6,4% para 7,01%.

Essa aceleração se explica pelas maiores cotações do câmbio, que encareceram as matérias primas agrícolas (IPA agropecuário) e industriais (IPA industrial), apesar das quedas dos preços do petróleo e dos combustíveis.

A pressão no atacado poderá ser atenuada com o novo recorde de safra e com a baixa cotação do petróleo nos mercados internacionais. Além disso, do ponto de vista da economia mundial, os efeitos da pandemia deverão ser

deflacionários, destacam os economistas da ACSP.

De todo modo, o repasse aos preços finais poderá ser inibido, pelo menos em parte, pela contração esperada nas vendas, o que contribui para o cenário geral de baixa inflação para o resto do ano.


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