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Economistas dão dicas do que fazer com o valor sacado das contas inativas do FGTS

Na última sexta-feira, o Ministro do Trabalho e presidente do Conselho Curador do FGTS, Ronaldo Nogueira, anunciou que o saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) — vinculadas a empregos anteriores e que estavam parad

Na última sexta-feira, o Ministro do Trabalho e presidente do Conselho Curador do FGTS, Ronaldo Nogueira, anunciou que o saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) — vinculadas a empregos anteriores e que estavam paradas — está previsto para acontecer entre março e julho.

A medida anunciada pelo governo federal no fim do ano passado com o objetivo de movimentar a economia do país deve beneficiar mais de 467 mil trabalhadores de Santa Catarina. Em uma estimativa inicial, um montante equivalente a R$ 1,8 bilhão distribuído em pelo menos 884,3 mil contas estará disponível aos catarinenses.

A proposta é que as pessoas tenham o valor disponível para investir ou quitar contas atrasadas e se livrar dos juros altos. Mas, afinal, qual o melhor destino para esse dinheiro?

O consultor de investimentos e sócio da Par Mais, Alexandre Amorim, destaca:

— A finalidade do FGTS é trazer garantia às pessoas em um momento de dificuldade, portanto recomendo que esse valor não seja utilizado em consumo, mas que seja guardado como um reserva de segurança ou como um investimento para complementar a aposentadoria.

Uma pesquisa do aplicativo financeiro Guiabolso indica que, de 1,4 mil pessoas entrevistadas, 44,8% querem investir o valor sacado, enquanto 33,6% pretendem colocar as contas em dia. Independentemente do objetivo do trabalhador, a orientação do consultor financeiro Jurandir Sell Macedo é realizar o saque, tendo em vista a baixa rentabilidade da conta do FGTS.

— A primeira orientação é retirar esse dinheiro, mesmo que o valor seja baixo. Apesar de ser uma medida pensada para proteger e incentivar o trabalhador a poupar, hoje vem rendendo menos que a inflação. Então se tira uma parte do salário e essa parte vai ser desvalorizada, o que é injusto — defende o especialista.

Com o dinheiro sacado em mãos, a próxima recomendação é avaliar a própria situação financeira. Se o cenário for de endividamento, o ideal é quitar os débitos, especialmente aqueles de juros mais elevados, como os do cartão de crédito ou cheque especial. A orientação é do professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e consultor financeiro Crisanto Soares Ribeiro.

— Se a pessoa tem dívidas, deve usar integralmente o valor para zerá-las. Hoje você tem juros de crédito pessoal de 3% a 4% ao mês, então imagine o efeito no ano. Se livrar desses compromissos, principalmente priorizando as de maior custo, já geraria uma folga financeira para a pessoa — orienta.

Boa oportunidade começar a ter reserva

O mesmo estudo do Guiabolso também apontou que mesmo entre trabalhadores que estão endividados, a opção de realizar alguma modalidade de aplicação financeira é maioria: 43,8% dos consultados, em comparação aos 37% que dizem priorizar o pagamento de débitos. A criação de uma reserva financeira para imprevistos também é defendida por Macedo.

— Os brasileiros não têm essa cultura de separar uma reserva. Esse tipo de economia serve para comprar um eletrodoméstico que estragou, para algum problema de saúde que tenha surgido, para uma viagem de emergência... Não tendo os valores necessários em mãos, as pessoas acabam recorrendo às dívidas caras — diz o especialista.

Macedo orienta as pessoas a economizarem um valor correspondente a três vezes os gastos mensais. Quem gasta R$ 3 mil com as despesas mensais, por exemplo, deveria ter R$ 9 mil de reserva em uma conta para garantir tranquilidade em caso de imprevistos. Para o estudioso em finanças pessoais, há basicamente dois destinos para essa economia:

— Para pessoas leigas, o indicado é a caderneta de poupança. Para quem entende um pouco mais, o indicado é um fundo DI interbancário, aplicação no tesouro direto via Selic [taxa básica de juros da economia no Brasil] ou em título público também vinculado à Selic — indica.

Ribeiro também opina sobre a melhor aplicação financeira:

— A mais adequada é no tesouro direto, porque rende de 30% a 40% a mais que a poupança e pode ser feita a partir de R$ 30 mensais na internet — diz.

Quais os melhores caminhos de investimento?

A maior parte dos economistas espera que o Banco Central (BC) continue reduzindo a Taxa Selic no ano que vem e isso interfere diretamente em algumas das aplicações financeiras mais procuradas pelos brasileiros. Conforme o Boletim Focus, compilado pelo BC que reúne as previsões do mercado financeiro, a Selic deve cair de 13,75% para menos de 10,5% ao ano, ao final de 2017. Esse tipo de informação baliza o tipo de transação que deve ser escolhida pelos trabalhadores quando sobra um dinheiro para ser investido, como agora com as contas inativas do FGTS.

EM ALTA

Tesouro pré-fixado – Com a perspectiva de queda na taxa básica de juros (Selic), os investimentos em tesouro direto serão mais atraentes para as opções pré-fixadas. As opções são os títulos ligados à atual taxa básica de juros e ligados aos índices de inflação com bonificações anuais.

CDB – É uma boa opção para quem tem menos de R$ 50 mil a investir, pois oferece rentabilidade acima da inflação e boa liquidez (dá para sacar o dinheiro depositado antes do prazo final). São mais atraentes quando pagam pelo menos 90% de DI (indicador atrelado à Taxa Selic).

Bolsa no longo prazo – As aplicações que tenham meta de pelo menos cinco anos podem ter boas possibilidades de ganho, em razão da projeção de crescimento da economia no longo prazo. Estatais de energia e água, além de bancos públicos, estão entre as recomendações devido à possibilidade de privatização.

Debêntures incentivadas – São empréstimos a empresas, por meio de agentes de investimentos: o pagamento pode superar a inflação em 7%. As melhores opções são as chamadas debêntures incentivadas, com isenção de Imposto de Renda. Mas é necessário considerar o risco de calote.

EM BAIXA

LCI e LCA para pequenos valores – Embora a rentabilidade costume ser atraente, as melhores opções devem continuar sendo para quem tem pelo menos R$ 100 mil para investir. Aos investidores menos abonados, as taxas de retorno costumam empatar ou ficar para trás dos CDBs.

Bolsa no curto prazo – Aplicar na bolsa de olho em uma valorização ainda em 2017 é arriscado: o início do governo de Donald Trump nos Estados Unidos e a crise política prolongada no Brasil trazem muitas dúvidas entre os investidores, aumentando o risco de queda no próximo ano.

Fundos com altas taxas de administração – Fundos de renda fixa que cobram mais de 1,5% de taxa de administração (o cálculo é feito sobre o patrimônio total) tendem a ser ainda menos atraentes, já que a Selic deve cair em 2017, diminuindo o rendimento. Com isso, a mordida sobre o ganho fica ainda maior.

Poupança – A caderneta poderá render levemente acima da inflação, o que significa uma manutenção mínima do poder de compra. Mesmo com a queda na taxa de juros (Selic), outras aplicações de renda fixa são mais atraentes.

FAÇA AS CONTAS

A pedido do Diário Catarinense, o consultor de investimentos e sócio da Par Mais Alexandre Amorim fez os cálculos de investimento para quem tem R$ 10 mil no FGTS ao final de 12 meses.

Veja os rendimentos:

FGTS: R$ 10.350

Poupança: R$ 10.650

Fundo DI (banco comercial): R$ 10.810

Tesouro Direto: R$ 10.910


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