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Internet pela tomada: real ou imaginação?

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já havia homologado o PLC três meses atrás e faltava apenas a Aneel definir suas regras.

Silas Scalioni

Depois de meses de estudos, finalmente na semana passada a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a regulamentação que permite às distribuidoras de energia elétrica usar suas redes para levar, a qualquer ponto do Brasil, internet banda larga. Assim, simplesmente plugando-se a fiação à tomada qualquer pessoa poderá ter em casa os benefícios e serviços que a web oferece e que, hoje, devido às restrições que os outros tipos de sistemas de transmissão apresentam, não chegam a todos os lugares — além de serem considerados inviáveis financeiramente para boa parte da população.

Conhecida popularmente por PLC (de Power Line Communications), a tecnologia que possibilita o tráfego de voz, dados e imagens pela rede elétrica vai permitir ainda que o sinal de TV por assinatura chegue às residências diretamente pela tomada. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já havia homologado o PLC três meses atrás e faltava apenas a Aneel definir suas regras.

Em nota oficial, a assessoria de imprensa da Companhia Energética de Brasília (CEB) declara que ainda não iniciou os estudos sobre a nova tecnologia. “Somente após análise detalhada do regulamento, a companhia poderá avaliar a possibilidade de implantação do PLC no Distrito Federal”, diz a nota. De acordo com a assessoria, a CEB tem como prioridade os investimentos no sistema de distribuição de energia. “Por esse motivo, os estudos sobre PLC deverão ficar para um segundo momento, ainda não definido pela concessionária”, continua o documento.

Antes de viabilizar a internet via rede elétrica, as distribuidoras de energia precisam acertar com empresas de telefonia e de internet os valores que serão repassados para cada parte. Segundo a regulamentação aprovada pela Aneel, 90% da renda extra adquirida com o aluguel da rede elétrica será convertida para a redução da tarifa de eletricidade. Por exemplo, se a CEB conseguir

R$ 100 milhões pelo aluguel de seus cabos elétricos para empresas de internet, R$ 90 milhões devem ser fatiados para reduzir a conta de energia dos usuários.

Segundo Otavio Santoro, sócio-diretor da Indeco, empresa especializada em soluções em energia, água e esgoto, o que pode atrasar a disponibilidade da tecnologia é a discussão entre os agentes envolvidos. “A tecnologia já está disponível. O grande entrave é comercial. E isso não deve ser uma discussão tão rápida. Se a Aneel e a Anatel se unissem a fim de colocar em audiência pública um comitê para definir as regras de utilização das redes e as responsabilidades de cada parte envolvida, esse processo poderia ser agilizado”, explica Santoro.

Na prática, o que muda

A maior vantagem da tecnologia PLC é fornecer acesso à internet em alta velocidade pela tomada, aproveitando-se, assim, uma estrutura já existente para atingir locais onde outras opções ainda não estão disponíveis. No sistema, a tomada elétrica vira o ponto principal de comunicação, residencial ou comercial. Mas o que o usuário vai ter de fazer para contar com o novo serviço?

Para ter acesso, ele deverá contratar os serviços de uma operadora credenciada pela Anatel para comercializá-lo. E adquirir um novo tipo de modem BPL compatível com a tomada elétrica, que poderá contar ainda com uma antena específica para transmitir o sinal por Wi-Fi (rede sem fio).

Por estar ainda em fase embrionária, tanto os preços quanto a velocidade do acesso à web pela rede elétrica não estão definidos. Entretanto, acredita-se os custos de conexão para o consumidor final serão mais em conta do que pelas transmissões de banda larga tradicionais. No mercado, os pacotes oferecidos pelas várias operadoras custam, em média, R$ 60 por mês.

Sobre a velocidade, testes realizados no país já mostram que ela pode chegar a 21MBps, embora esse número não deva ser, necessariamente, repassado aos clientes. Os atuais sistemas oferecem, no máximo (o que já seria uma hipervelocidade), 10MBps, velocidade que, na prática, chega muito aquém da anunciada aos assinantes. Por se tratar de fins diferentes, apesar de usarem a mesma estrutura, as contas de energia continuarão sendo enviadas às casas separadamente das de outros serviços.


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