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Dólar em queda sem fim fecha a R$ 1,92

Moeda tem oitava queda seguida e fecha a R$1,924. Saldo de estrangeiros na Bolsa bate recorde e no ano já chega a R$11,2 bilhões

Fonte: Jornal O Globo
Tags: dolar

Aqueda livre do dólar comercial parece não ter fim. A moeda encerrou ontem a R$1,924, em queda de 1,48%, no oitavo dia seguido de desvalorização - a maior sequência de baixas desde abril do ano passado - e com a menor cotação desde 30 de setembro. O grande fluxo de recursos estrangeiros para o mercado de ações brasileiro e para os títulos públicos (que seguem a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 10,25% ao ano) tem ajudado a derrubar a divisa. Somente em maio, o saldo de investimentos externos (total de compras menos o volume de vendas) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu R$6,803 bilhões, recorde para um mês. Em 2009, o saldo está positivo em R$11,2 bilhões. Se o ano terminasse em maio, também seria o maior saldo anual de estrangeiros da história da Bolsa. Ontem, o Banco Central (BC) até tentou enxugar a abundância de dólares e comprou moeda no mercado à vista, como faz diariamente desde maio, mas não evitou o recuo.

O resultado de maio supera o recorde de abril de 2008, quando a Bolsa recebeu R$6,007 bilhões líquidos, com a ajuda da concessão de grau de investimento ao Brasil pelas agências de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P, no fim de abril de 2008) e Fitch Ratings (no fim de maio). A classificação é pré-requisito para o investimento no país por parte de vários fundos estrangeiros, porque indica que é um local seguro para aplicar. Mas ainda é cedo para assegurar que os recursos que estão vindo para o país são os que não vieram no ano passado - por causa do agravamento da crise. Segundo analistas, agora as principais fontes de investimento são os hedge funds (equivalentes aos multimercados no país) e os fundos com foco em países emergentes em geral, além dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) ou da América Latina.

Para Gustavo Alcântara, gestor da SLW Asset, há um movimento global de investimento em nações em desenvolvimento, que leva à queda do dólar:

- O que os investidores estão interessados é se dá para ganhar dinheiro. O dinheiro pode sair rápido, mas vai precisar de um motivo.

Bancos americanos captam US$19 bi

Para o economista da Um Investimentos, Hersz Ferman, o fato de o dinheiro estar indo para emergentes mostra que pode ter caráter especulativo, sem foco nos fundamentos econômicos. Já o economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, avalia que os últimos balanços cambiais do Banco Central (BC) mostram que os recursos que estão vindo para o país não são de curto prazo. Isso porque o volume que tem entrado em renda fixa, onde seria possível ter ganhos certos com os juros, é pequeno, em relação ao que vai para a Bolsa. Mas ele reconhece que a aplicação em papéis que caíram muito no ano pode ser de curto prazo.

Ontem, a Bolsa recuou 0,89%, para 53.999 pontos, com investidores vendendo ações para embolsar lucros. Diante da recuperação recente, ontem Gafisa, Companhia Energética de Brasília (CEB) e Hypermarcas informaram o interesse em fazer ofertas públicas de ações, em breve, para captar recursos. O mercado já aguarda as operações de Natura, MRV e Visanet. As ofertas podem trazer ainda mais dólares para o Brasil.

- Isso pode mostrar que a tendência do dólar é ceder ainda um pouco. Vamos ver a atuação do BC para defender a moeda americana. Mas contra o fluxo é difícil segurar - avalia Eduardo Roche, chefe de análise da Modal Asset.

Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,22% e o Nasdaq, 0,44%. Bank of America, JPMorgan e outros bancos captaram nos últimos dias mais de US$19 bilhões, para tentar devolver ao governo americano os recursos que receberam e poderem ficar livre de sua interferência na gestão. Mais de 600 pegaram dinheiro e cerca de 20 já devolveram, segundo o Departamento do Tesouro. O Bank of America levou US$45 bilhões; o Goldman Sachs, US$10 bilhões; e o JPMorgan, US$25 bilhões; entre outros.


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