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Controle de Estoque, Custos, Informações Gerenciais

A abordagem central do presente estudo refere-se à elaboração de um sistema de controle de estoque para uma pequena confeitaria

A abordagem central do presente estudo refere-se à elaboração de um sistema de controle de estoque para uma pequena confeitaria, tendo o intuito de contribuir para a tomada de decisão pelos proprietários. Apresenta o mapeamento do processo de produção onde os principais ingredientes são lácteos (leite, leite condensado e creme de leite), apurando os custos com o auxílio de planilhas eletrônicas. A pequena confeitaria trabalha com preços fixos, os únicos itens que demanda formação de estoque são os laticínios, que são utilizados em grande quantidade.

Introdução

Cada vez mais o pequeno empresário percebe a necessidade de tratar a sua empresa de modo profissional. A mais importante mudança que pode vir desta nova visão é a separação entre a empresa e a família do dono da empresa, não mais colocando as despesas da família direto na contabilidade da empresa.

Conforme Filion (1991, p. 64), “o gerenciamento da pequena empresa reflete a personalidade do proprietário. A principal característica de uma pequena empresa é que sua sobrevivência e seu crescimento dependem de seu proprietário. O futuro dela dependerá de como o proprietário se comporta dentro e fora da empresa.”

Seguindo este horizonte, tem-se a finalidade de elaborar um controle de estoque e ao mesmo tempo em que apresenta uma análise dos custos de modo simplificado, expondo também a consequência da variação sazonal dos preços dos laticínios.

Controle De Estoques

Além das previsões de vendas, é essencial que as empresas tenham cautela, controlem, regulem e registrem seus estoques. Segundo Slack (2001), “o estoque é definido como a acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação. Ele sempre existirá porque há uma diferença de ritmo de taxa de fornecimento e demanda. Para superar a complexidade ocasionada pelos variados e inúmeros itens estocados, as empresas devem investir em um sistema de processamento de informação que possa lidar com os diversos itens em estoque, garantindo o controle do mesmo.”

Custos

Nos dias de hoje, as empresas devem estar atentas às profundas transformações do mercado e os seus aspectos e impactos, independente do seu tamanho. Essas mudanças demandam atenção da administração da empresa para dar continuidade aos seus negócios. A contabilidade financeira já não se mostra vantajosa no que diz respeito às questões gerenciais. Segundo Ribeiro (2011, p.12) “contabilidade financeira é a contabilidade no seu sentido amplo, que tem por objetivo o estudo do patrimônio de uma entidade. Diante do exposto, torna-se importante verificar a utilização dos sistemas de custos pelas empresas de modo geral, pois a sua não utilização pode submeter a empresa a vulnerabilidades desnecessárias por falta de informação para análise, além de um bom sistema de custos servir para uso na contabilidade fiscal e determinação de estoques.”

Classificação Dos Custos

Custos são os gastos com bens e ou serviços utilizados na produção de outros bens e ou serviços, são os gastos com fatores de produção (bens, serviços e desgastes da estrutura de produção) utilizados na fabricação de um produto ou na prestação de um serviço. São considerados custos os gastos relacionados ao processo produtivo, ocorridos dentro da fábrica, ocorridos dentro da empresa para produzir bens ou serviços. (Corbari e Macedo, 2012, p. 13)

Os custos são classificados para fornecer informações específicas, de acordo com os critérios adotados. De acordo com Megliorini (2002) tal classificação leva em consideração sua facilidade de identificação aos produtos (diretos e indiretos) ou o volume de produção (fixos ou variáveis).

Custo Quanto A Variabilidade (Fixo Ou Variável)

Segundo Dutra (1995, p.37), “custos variáveis variam de acordo com o volume de produção, quanto maior o volume de produção no período maior será o custo variável e se o volume de produção diminuir o custo variável também diminui.”

Um custo é variável quando mantém uma estreita relação com o volume de Produção, como por exemplo: Custo de matéria-prima e Mão-de-obra direta

O custeio variável apropria apenas os custos variáveis de produção, quer diretos ou indiretos, ficando os custos fixos alocados separadamente e sendo contabilizados apenas na apuração dos resultados, como se fossem despesas. Ou seja, os custos fixos são muito mais um encargo para que uma fábrica tenha condições de operar do que um sacrifício para a fabricação específica de um produto.

Custos Quanto A Alocação (Direto Ou Indireto)

Podemos dizer que alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida de consumo (quilogramas de materiais consumidos, embalagens utilizadas, horas de mão-de-obra utilizadas e até quantidade de força consumida). São os Custos Diretos com relação aos produtos.

Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária (como o aluguel, a supervisão, as chefias etc.). São os Custos Indiretos com relação aos produtos.

Portanto, a classificação de Direto e Indireto que estamos fazendo é com relação ao produto feito ou serviço prestado, e não à produção no sentido geral ou aos departamentos dentro da empresa.

Metodologia Da Pesquisa

O presente estudo foi realizado em uma micro empresa do ramo de confeitaria sediada na cidade de São João do Triunfo - PR, nos meses de julho de 2013 e fevereiro de 2014. A partir do objetivo proposto no artigo, o caminho mais adequado para a condução desta pesquisa é o estudo de caso, com abordagem qualitativa.

No presente estudo utilizou-se a classificação quanto à natureza, aos objetivos, à abordagem, e aos procedimentos técnicos.

Análise Da Planilha

Planilha de Controle de Estoques

JULHO/ 2013

Controle de Estoque

Leite UHT 1L

Litros

Valor

Saldo Litros

Saldo Valor

Preço Médio

Saldo Anterior

200

338,00

200

338,00

1,690

Compra em 05/07/2013

200

378,00

400

716,00

1,790

Utilização Mês

-295

-528,05

105

187,95

1,790

Leite Condensado 395ml

Unidades

Valor

Saldo Unidades

Saldo Valor

Preço Médio

Saldo Anterior

27

53,73

27

53,73

1,990

Compra em 02/07/2013

405

805,95

432

859,68

1,990

Utilização Mês

-200

-398,00

232

461,68

1,990

Creme de Leite 200ml

Unidades

Valor

Saldo Unidades

Saldo Valor

Preço Médio

Saldo Anterior

48

50,40

48

50,80

1,058

Compra em 02/07/2013

144

169,92

192

220,72

1,150

Utilização Mês

-100

-114,96

92

105,76

1,150

FEVEREIRO/ 2014

Controle de Estoque

Leite UHT 1L

Litros

Valor

Saldo Litros

Saldo Valor

Preço Médio

Saldo Anterior

60

120,00

60

120,00

2,000

Compra em 01/02/2014

240

477,00

300

597,00

1,990

Utilização Mês

-215

-427,85

85

169,15

1,990

Leite Condensado 395ml

Unidades

Valor

Saldo Unidades

Saldo Valor

Preço Médio

Saldo Anterior

27

69,93

27

69,93

2,590

Compra em 01/02/2014

360

932,40

387

1002,33

2,590

Utilização Mês

-180

-466,20

207

536,13

2,590

Creme de Leite 200ml

Unidades

Valor

Saldo Unidades

Saldo Valor

Preço Médio

Saldo Anterior

48

64,80

48

64,80

1,350

Compra em 01/02/2014

120

153,60

168

218,40

1,300

Utilização Mês

-100

-130,00

68

88,40

1,300

Analisando a planilha, percebe-se que os insumos que tem maior variação são exatamente os laticínios, decorrente da sazonalidade da produção de leite, que é maior no verão e menor no inverno.

Em decorrência disso os preços praticados no mercado aumentam além da inflação nos meses frios e desaceleram no verão.

A planilha mostra que independentemente da sazonalidade da produção leiteira não houve variação sazonal que prejudicasse o lucro da empresa, pelo contrário, é interessante que observamos o lucro maior no mês de julho/2013, mesmo com a influência sazonal. O motivo pelo qual isto aconteceu foi que os preços de venda dos produtos foram alinhados, para não dar prejuízo em fevereiro/2014.

Cabe salientar que todos os demais produtos utilizados na confeitaria são comprados conforme a demanda, zerando o estoque ao final do mês.

Conclusão

No ambiente de negócios atual caracterizado pela alta competitividade, as organizações necessitam adaptar suas estruturas à flexibilidade do mercado e procurar um diferencial competitivo para sobreviver e prosperar. Para que as empresas possam ser competitivas no mercado elas devem primeiramente analisar e entender seus processos e fazer o melhor uso dos recursos disponíveis buscando a otimização do seu sistema produtivo.

Neste contexto, após o diagnóstico realizado neste estudo, e contando com os dados obtidos na planilha foram observados que realmente os preços de laticínios variam bastante na entressafra, não refluindo após. Por isso é de bom alvitre, isto é: “recomendamos” fazer estoque nos últimos dias do verão para a utilização no inverno, porém nunca em grande quantidade, no máximo o necessário para 60 a 90 dias, observando sempre a data de validade dos mesmos e de modo que o gasto para fazer estoque não prejudique o fluxo de caixa da empresa.

A contribuição deste trabalho visa também instigar a realização de novos estudos embasados na utilização da Contabilidade Gerencial e da Contabilidade de Custos por parte das microempresas

O estudo não ousa ser definitivo e não tem caráter conclusivo, não tendo a pretensão de esgotar o assunto, sendo sugerida sua ampliação, revisão até a limitação dos melhores trabalhos acadêmicos.

Bibliografia

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

CORBARI, Ely Célia; MACEDO, Joel de Jesus. Administração de Estratégica de Custos. Curitiba: Iesde, 2012.

DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 1993.

DUTRA, René Gomes. Custos: Uma Abordagem Prática. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

FILION, L.J. The Definition of small business as a basic element for polity making. Small Business, Marketing and Society Conference, USSR, 1991.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2001 e demais edições.

MEGLIORINI, Evandir. Custos. 1ª ed.São Paulo: Makron Books, 2002.

RAGAZZI, C. A Sigla Indecifrável. Revista Construção. São Paulo, 1992.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva, 1999.

SLACK, Nigel. Administração da Produção. Tradução Maria Teresa C. Oliveira. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.


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